terça-feira, 30 de abril de 2013

O Chamado ao Testemunho - (Sermão) - João Calvino


“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,”
"que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos,"
(II Timóteo 1:8-9, ARC)

EMBORA Deus mostre Sua glória e majestade no evangelho, a ingratidão dos homens é tamanha, que temos que ser exortados a não nos envergonharmos desse evangelho. E por quê? Porque Deus requer a adoração de todas as criaturas. Ainda assim, a maior parte [delas] se rebela contra Ele, e o despreza, e desafia a doutrina mediante a qual Ele se faz conhecido [para ser] adorado. Embora os homens sejam tão perversos a ponto de se voltarem contra seu Criador, lembremo-nos, não obstante, daquilo que se nos é ensinado nesta porção [da Escritura]: a não nos envergonharmos do evangelho, visto ser ele o testemunho de Deus.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Há Um Só Deus – João Calvino

Porquanto há um só Deus (1 Tm 2.5).


Crisóstomo e muitos outros forçam o seguinte significado: não há tantos deuses como os idólatras imaginam. Quanto a mim, porém, creio que a intenção de Paulo era diferente, a saber, que há aqui uma comparação implícita entre o único Deus e o único mundo com suas diversas nações, e desta comparação surge uma perspectiva de ambos em relação um ao outro. E assim ele diz em Romanos 3.29: "E porventura Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios." Portanto, qualquer que fosse a diversidade entre os homens, naquele tempo, pelo fato de muitas classes e nações serem estranhas à fé, Paulo lembra aos crentes a existência da unicidade de Deus, para que soubessem que existe um vínculo entre eles e todos os homens, visto que há um só Deus sobre todos, para que soubessem que aqueles que se encontram sob o governo do mesmo Deus não são excluídos para sempre da esperança de salvação.

Levando o Seu Vitupério (Sermão) - João Calvino


“Saiamos, pois, a ele [Jesus] fora do arraial, levando o seu vitupério." (Hb 13-13) 

TODAS as exortações que nos são dadas para padecermos pacientemente pelo nome de Jesus Cristo e em defesa do Evangelho não terão efeito, se não nos sentirmos seguros da causa pela qual lutamos.Quando somos chamados a nos desfazer da vida, é absolutamente necessário saber em que base. Não podemos possuir a firmeza necessária, a menos que esteja fundamentada na certeza da fé. É verdade que há pessoas que se expõem tolamente à morte, na defesa de algumas opiniões absurdas e devaneios concebidos pelo próprio cérebro, mas tal impetuosidade deve ser considerada mais como frenesi do que zelo cristão; e, de fato, não há firmeza nem bom senso naqueles que, em certo tipo de casualidade, se empolgam dessa maneira. Mas embora isso ocorra, é somente numa boa causa que Deus nos reconhece como seus mártires. A morte é comum a todos, e os filhos de Deus são condenados à ignomínia c torturas exatamente como os criminosos o são; mas Deus faz a distinção entre eles, já que Ele não pode negar sua verdade. De nossa parte, exige-se que tenhamos provas firmes e infalíveis da doutrina que defendemos; e, por conseguinte, como eu disse, não podemos ser racionalmente impressionados pela exortação que recebemos para sofrer perseguição pelo Evangelho, se nenhuma certeza verdadeira de fé foi impressa em nosso coração.

domingo, 14 de abril de 2013

Ele nos Escolheu em Cristo

“Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor” (Efésios 1:4).

Deus nos escolhe! Qual o critério? Haveria em nós alguma coisa que chamasse a atenção de Deus, uma qualidade a mais, uma dedicação a mais? Na verdade, nada. Ele nos escolhe em Cristo; esse mesmo Cristo que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Aí, pois, se acha o critério: a graça de Deus que se concretiza em Cristo. E graça, para deixar bem claro, é o amor que o pecador recebe, mesmo sem merecer.
Entendido isso, vamos considerar que a eleição da graça, a predestinação e termos semelhantes que os teólogos criaram ao longo dos séculos não são conceitos para nos tirar a tranqüilidade (será que sou um eleito?; ou: como vou saber se sou um eleito?) nem para nos dar uma certeza vazia (já que sou eleito posso muito bem fazer o que bem entender, ou seja, toda espécie de mal). A eleição é fundamentalmente um consolo. Como os cristãos — desde aqueles da antiga Éfeso até os de hoje — vivem na angústia de uma profunda contradição entre o seu ideal de serem perfeitos e a realidade nem sempre tão perfeita — podendo sentir-se um tanto perdidos e duvidar mesmo da presença de Deus em suas vidas — precisam duma palavra segura a mostrar-lhes que sua comunhão com Deus os tornam livres desse vaivém cotidiano. Por cima dessas ondas de insegurança encontra-se um Deus estável, estável em tudo, mas estável sobretudo na sua graça, da qual Jesus Cristo e Sua cruz é a realização.
Desta forma, certificados e consolados, somos igualmente habilitados e convocados a ser santos e irrepreensíveis no amor. O desafio supera nossas forças, mas lembremo-nos: o mesmo Deus que nos escolheu pela graça, pela graça nos ampara nessa caminhada.
Senhor Deus e Pai, antes que houvesse mundo, Tu já nos escolheras e nos escolheras em Crito, que haveria de morrer na cruz. Só podemos louvar-te sem parar. Ajuda que o nosso louvor rime com amor não só no som, mas principalmente no fazer. Amém.

Autor: Martinho Lutero Hoffmann
Fonte: Meditações para o Dia-a-Dia, Editora Vozes.
Acervo do site Monergismo.com

sábado, 13 de abril de 2013

SE DEUS NOS AMA, POR QUE SOFREMOS?

O problema do sofrimento não é uma questão apenas filosófica, mas, sobretudo teológica. Temos dificuldade de conciliar o amor de Deus com o sofrimento humano. Os judeus questionaram o amor de Jesus por Lázaro, por este ter passado pela morte sem a intervenção de Jesus. Ao longo dos séculos reverbera sempre a inquietante pergunta: Por que sofremos? Por que a nossa dor não cessa?
Chamo sua atenção para alguns pontos importantes no trato dessa matéria:

1. O sofrimento não é fruto do desamor de Deus, mas do pecado humano – O sofrimento é filho do pecado. Não tivesse existido a queda não haveria sofrimento. Somos concebidos em pecado e nascemos com uma natureza corrompida num mundo que está gemendo açoitado por muitas agruras. O sofrimento é a conseqüência inevitável do pecado. O pecado é como uma fonte poluída de onde flui copiosamente o sofrimento. O pecado é o solo onde crescem os espinheiros do sofrimento. O pecado é como um anzol que por trás da isca do prazer esconde a carranca do sofrimento e da morte.