- 1 Timóteo 3.2-7 -
O pastor, portanto, deve ser irrepreensível. A partícula, 'pois ou portanto', confirma a explicação que acabo de dar, pois à luz da dignidade do ofício infere-se que ele não demanda nenhum homem comum, senão alguém dotado de dons excepcionais. Se a tradução correta fosse "uma boa obra", tal como figura na tradução comum, ou "uma obra digna", seguindo Erasmo, então a inferência à próxima afirmação não seria tão adequada.
Ele quer que o bispo seja irrepreensível, ou, como expôs em Tito 1.7,ávéyKÀnjov [anegkleton] O significado de ambos os termos consiste em que o bispo não deve ser estigmatizado por nenhuma infâmia que leve sua autoridade ao descrédito. Certamente que não se encontrará nenhum homem que seja eximido de toda e qualquer mancha; mas, uma coisa é ser culpado de faltas comuns que não ferem a reputação de um homem, visto que os homens mais excelentes participam delas; e outra, completamente distinta, é ter um nome carregado de infâmia e manchado por alguma nódoa escandalosa. Portanto, para que os bispos não se vejam privados de autoridade, Paulo ordena que se faça uma seleção daqueles que desfrutem de excelente reputação e sejam eximidos de qualquer nódoa extraordinária. Além do mais, ele não está meramente influenciando a Timóteo sobre que tipo de homens deva ele escolher, senão que lembra a todos os que aspiram o ofício, que examinem atentamente sua própria vida.
domingo, 5 de maio de 2013
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Grande é o mistério da piedade – (1 Tm 3.16) – João Calvino
Aqui temos uma maior expansão de louvor. Para impedir que a verdade de Deus seja estimada abaixo de seu real valor, em decorrência da ingratidão humana, o apóstolo declara seu genuíno valor, dizendo que o segredo da piedade é imensurável, visto que ele não trata de temas triviais, e, sim, da revelação do Filho de Deus, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria [Cl 2.3]. A luz da imensidão dessas coisas, os pastores devem entender a importância de seu ofício e devotar-se a ele com a mais profunda consciência e reverência.
Deus se manifestou em carne. A Vulgata exclui a palavra 'Deus' e relaciona o que se segue com o mistério; mas isso é devido à. falta de perícia e conformidade, como se verá claramente à luz de uma leitura atenciosa; e ainda que ela conte com o apoio de Erasmo, este destrói a autoridade de sua própria tradução, de modo que a mesma dispensa qualquer refutação de minha parte. Todos os manuscritos gregos, indubitavelmente, concordam com a tradução: "Deus se manifestou em carne." Mas, mesmo presumindo que Paulo não houvesse expressamente escrito a palavra Deus, quem quer que considere todo o assunto com cuidado concordará que se deve pôr a palavra Cristo. No que me toca, não tenho dificuldade alguma em seguir o texto grego aceito. E óbvia sua razão para denominar a manifestação de Cristo, a qual agora passa a descrever, de 'grande mistério', porque esta é a altura, a largura, o comprimento e a profundidade da sabedoria que ele menciona em Efésios 3. 18, e pelo quê nossas faculdades são inevitavelmente subjugadas.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Para que a cruz de Cristo não seja anulada - João Calvino
Não em sabedoria de palavras (1Co 1.17). O Apóstolo Paulo antecipa e refuta duas objeções. Pois aqueles mestres mal orientados poderiam concluir que Paulo, que não possuía o dom da eloquência, se ostentava de forma ridícula ao alegar que o papel de mestre lhe fora confiado. Por essa razão ele diz, à guisa de concessão, que não nascera orador que pudesse blazonar-se com o esplendor de linguagem, mas ministro do Espírito, um servo que, com linguagem ordinária e sem refinamento, longe estava de ser ovacionado pelo mundo. Além disso, alguém poderia objetar, dizendo que ele corria atrás de glória ao proclamar o evangelho, assim como tantos outros procuravam batizar. A isso ele responde de forma breve, dizendo que o método de ensinar que ele seguia era despido de todo brilhantismo, e não revelava qualquer traço de ambição, e não podia ser suspeito a esse respeito. Se não estou equivocado, podemos igualmente perceber claramente o principal aspecto da controvérsia que Paulo manteve com os maus e infiéis ministros de Corinto, a saber: uma vez que se achavam intumescidos de ambição, procuravam angariar a admiração do povo para si, insinuando-se aos olhos de todos por meio de exibição de palavras e simulação {-larva) de sabedoria humana.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
O Chamado ao Testemunho - (Sermão) - João Calvino
Sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,(Hb 1.3).
Que sendo o fulgor de sua glória. - Essa expressão tem referência em parte à natureza divina de Cristo, e em parte ao seu revestir-se de nossa carne. O que é descrito como "o fulgor de sua glória e a própria imagem de sua substância"pertence propriamente dito à sua divindade; o restante tem referência à sua natureza humana. Tudo, porém, se acha registrado com o fim de proclamar a dignidade de Cristo.
Justamente por isso, o Filho é denominado "o fulgor de sua glória e a própria imagem de sua substância". Ambos os termos pertencem à linguagem comum. Em questões tão imensas e tão profundas nada se pode dizer senão por meio de analogia [=similitudine] extraída das coisas pertencentes à esfera do que é concreto. Também não há necessidade de discutirmos com demasiada sutileza como o Filho, que é de uma mesma essência com o Pai, é a glória fulgurante de seu esplendor. Devemos admitir que há certa medida de impropriedade [-irnpropriwn quodammodo] no que é extraído das coisas terrenas e aplicado à majestade oculta de Deus. Ao mesmo tempo, as coisas que são perceptíveis pelos nossos sentidos são apropriadamente aplicadas a Deus, para que possamos discernir o que deve ser encontrado em Cristo e quais os benefícios que isso nos traz. Deve-se também observar que esse não é um ensino de fúteis especulações, e, sim, a exposição de uma inabalável doutrina de fé. Devemos, portanto, aplicar esses títulos de Cristo para o nosso próprio benefício, visto que eles têm relação direta conosco. Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo.
terça-feira, 30 de abril de 2013
O Chamado ao Testemunho - (Sermão) - João Calvino
“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,”
"que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos,"
(II Timóteo 1:8-9, ARC)
EMBORA Deus mostre Sua glória e majestade no evangelho, a ingratidão dos homens é tamanha, que temos que ser exortados a não nos envergonharmos desse evangelho. E por quê? Porque Deus requer a adoração de todas as criaturas. Ainda assim, a maior parte [delas] se rebela contra Ele, e o despreza, e desafia a doutrina mediante a qual Ele se faz conhecido [para ser] adorado. Embora os homens sejam tão perversos a ponto de se voltarem contra seu Criador, lembremo-nos, não obstante, daquilo que se nos é ensinado nesta porção [da Escritura]: a não nos envergonharmos do evangelho, visto ser ele o testemunho de Deus.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Há Um Só Deus – João Calvino
Porquanto há um só Deus (1 Tm 2.5).
Crisóstomo e muitos outros forçam o seguinte significado: não há tantos deuses como os idólatras imaginam. Quanto a mim, porém, creio que a intenção de Paulo era diferente, a saber, que há aqui uma comparação implícita entre o único Deus e o único mundo com suas diversas nações, e desta comparação surge uma perspectiva de ambos em relação um ao outro. E assim ele diz em Romanos 3.29: "E porventura Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios." Portanto, qualquer que fosse a diversidade entre os homens, naquele tempo, pelo fato de muitas classes e nações serem estranhas à fé, Paulo lembra aos crentes a existência da unicidade de Deus, para que soubessem que existe um vínculo entre eles e todos os homens, visto que há um só Deus sobre todos, para que soubessem que aqueles que se encontram sob o governo do mesmo Deus não são excluídos para sempre da esperança de salvação.
Crisóstomo e muitos outros forçam o seguinte significado: não há tantos deuses como os idólatras imaginam. Quanto a mim, porém, creio que a intenção de Paulo era diferente, a saber, que há aqui uma comparação implícita entre o único Deus e o único mundo com suas diversas nações, e desta comparação surge uma perspectiva de ambos em relação um ao outro. E assim ele diz em Romanos 3.29: "E porventura Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios." Portanto, qualquer que fosse a diversidade entre os homens, naquele tempo, pelo fato de muitas classes e nações serem estranhas à fé, Paulo lembra aos crentes a existência da unicidade de Deus, para que soubessem que existe um vínculo entre eles e todos os homens, visto que há um só Deus sobre todos, para que soubessem que aqueles que se encontram sob o governo do mesmo Deus não são excluídos para sempre da esperança de salvação.
Levando o Seu Vitupério (Sermão) - João Calvino
“Saiamos, pois, a ele [Jesus] fora do arraial, levando o seu vitupério." (Hb 13-13)
TODAS as exortações que nos são dadas para padecermos pacientemente pelo nome de Jesus Cristo e em defesa do Evangelho não terão efeito, se não nos sentirmos seguros da causa pela qual lutamos.Quando somos chamados a nos desfazer da vida, é absolutamente necessário saber em que base. Não podemos possuir a firmeza necessária, a menos que esteja fundamentada na certeza da fé. É verdade que há pessoas que se expõem tolamente à morte, na defesa de algumas opiniões absurdas e devaneios concebidos pelo próprio cérebro, mas tal impetuosidade deve ser considerada mais como frenesi do que zelo cristão; e, de fato, não há firmeza nem bom senso naqueles que, em certo tipo de casualidade, se empolgam dessa maneira. Mas embora isso ocorra, é somente numa boa causa que Deus nos reconhece como seus mártires. A morte é comum a todos, e os filhos de Deus são condenados à ignomínia c torturas exatamente como os criminosos o são; mas Deus faz a distinção entre eles, já que Ele não pode negar sua verdade. De nossa parte, exige-se que tenhamos provas firmes e infalíveis da doutrina que defendemos; e, por conseguinte, como eu disse, não podemos ser racionalmente impressionados pela exortação que recebemos para sofrer perseguição pelo Evangelho, se nenhuma certeza verdadeira de fé foi impressa em nosso coração.
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