domingo, 5 de maio de 2013

Qualificações para o Pastorado – João Calvino

- 1 Timóteo 3.2-7 -

O pastor, portanto, deve ser irrepreensível. A partícula, 'pois ou portanto', confirma a explicação que acabo de dar, pois à luz da dignidade do ofício infere-se que ele não demanda nenhum homem comum, senão alguém dotado de dons excepcionais. Se a tradução correta fosse "uma boa obra", tal como figura na tradução comum, ou "uma obra digna", seguindo Erasmo, então a inferência à próxima afirmação não seria tão adequada.


Ele quer que o bispo seja irrepreensível, ou, como expôs em Tito 1.7,ávéyKÀnjov [anegkleton] O significado de ambos os termos consiste em que o bispo não deve ser estigmatizado por nenhuma infâmia que leve sua autoridade ao descrédito. Certamente que não se encontrará nenhum homem que seja eximido de toda e qualquer mancha; mas, uma coisa é ser culpado de faltas comuns que não ferem a reputação de um homem, visto que os homens mais excelentes participam delas; e outra, completamente distinta, é ter um nome carregado de infâmia e manchado por alguma nódoa escandalosa. Portanto, para que os bispos não se vejam privados de autoridade, Paulo ordena que se faça uma seleção daqueles que desfrutem de excelente reputação e sejam eximidos de qualquer nódoa extraordinária. Além do mais, ele não está meramente influenciando a Timóteo sobre que tipo de homens deva ele escolher, senão que lembra a todos os que aspiram o ofício, que examinem atentamente sua própria vida.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Grande é o mistério da piedade – (1 Tm 3.16) – João Calvino


Aqui temos uma maior expansão de louvor. Para impedir que a verdade de Deus seja estimada abaixo de seu real valor, em decorrência da ingratidão humana, o apóstolo declara seu genuíno valor, dizendo que o segredo da piedade é imensurável, visto que ele não trata de temas triviais, e, sim, da revelação do Filho de Deus, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria [Cl 2.3]. A luz da imensidão dessas coisas, os pastores devem entender a importância de seu ofício e devotar-se a ele com a mais profunda consciência e reverência.

Deus se manifestou em carne. A Vulgata exclui a palavra 'Deus' e relaciona o que se segue com o mistério; mas isso é devido à. falta de perícia e conformidade, como se verá claramente à luz de uma leitura atenciosa; e ainda que ela conte com o apoio de Erasmo, este destrói a autoridade de sua própria tradução, de modo que a mesma dispensa qualquer refutação de minha parte. Todos os manuscritos gregos, indubitavelmente, concordam com a tradução: "Deus se manifestou em carne." Mas, mesmo presumindo que Paulo não houvesse expressamente escrito a palavra Deus, quem quer que considere todo o assunto com cuidado concordará que se deve pôr a palavra Cristo. No que me toca, não tenho dificuldade alguma em seguir o texto grego aceito. E óbvia sua razão para denominar a manifestação de Cristo, a qual agora passa a descrever, de 'grande mistério', porque esta é a altura, a largura, o comprimento e a profundidade da sabedoria que ele menciona em Efésios 3. 18, e pelo quê nossas faculdades são inevitavelmente subjugadas.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Para que a cruz de Cristo não seja anulada - João Calvino

Não em sabedoria de palavras (1Co 1.17). O Apóstolo Paulo antecipa e refuta duas objeções. Pois aqueles mestres mal orientados poderiam concluir que Paulo, que não possuía o dom da eloquência, se ostentava de forma ridícula ao alegar que o papel de mestre lhe fora confiado. Por essa razão ele diz, à guisa de concessão, que não nascera orador que pudesse blazonar-se com o esplendor de linguagem, mas ministro do Espírito, um servo que, com linguagem ordinária e sem refinamento, longe estava de ser ovacionado pelo mundo. Além disso, alguém poderia objetar, dizendo que ele corria atrás de glória ao proclamar o evangelho, assim como tantos outros procuravam batizar. A isso ele responde de forma breve, dizendo que o método de ensinar que ele seguia era despido de todo brilhantismo, e não revelava qualquer traço de ambição, e não podia ser suspeito a esse respeito. Se não estou equivocado, podemos igualmente perceber claramente o principal aspecto da controvérsia que Paulo manteve com os maus e infiéis ministros de Corinto, a saber: uma vez que se achavam intumescidos de ambição, procuravam angariar a admiração do povo para si, insinuando-se aos olhos de todos por meio de exibição de palavras e simulação {-larva) de sabedoria humana.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

O Chamado ao Testemunho - (Sermão) - João Calvino


Sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,(Hb 1.3).

Que sendo o fulgor de sua glória. - Essa expressão tem referência em parte à natureza divina de Cristo, e em parte ao seu revestir-se de nossa carne. O que é descrito como "o fulgor de sua glória e a própria imagem de sua substância"pertence propriamente dito à sua divindade; o restante tem referência à sua natureza humana. Tudo, porém, se acha registrado com o fim de proclamar a dignidade de Cristo.

Justamente por isso, o Filho é denominado "o fulgor de sua glória e a própria imagem de sua substância". Ambos os termos pertencem à linguagem comum. Em questões tão imensas e tão profundas nada se pode dizer senão por meio de analogia [=similitudine] extraída das coisas pertencentes à esfera do que é concreto. Também não há necessidade de discutirmos com demasiada sutileza como o Filho, que é de uma mesma essência com o Pai, é a glória fulgurante de seu esplendor. Devemos admitir que há certa medida de impropriedade [-irnpropriwn quodammodo] no que é extraído das coisas terrenas e aplicado à majestade oculta de Deus. Ao mesmo tempo, as coisas que são perceptíveis pelos nossos sentidos são apropriadamente aplicadas a Deus, para que possamos discernir o que deve ser encontrado em Cristo e quais os benefícios que isso nos traz. Deve-se também observar que esse não é um ensino de fúteis especulações, e, sim, a exposição de uma inabalável doutrina de fé. Devemos, portanto, aplicar esses títulos de Cristo para o nosso próprio benefício, visto que eles têm relação direta conosco. Quando você ouve que o Filho é a glória da glória do Pai, tenha em mente que a glória do Pai lhe é invisível até que ela resplandeça em Cristo.

terça-feira, 30 de abril de 2013

O Chamado ao Testemunho - (Sermão) - João Calvino


“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,”
"que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos,"
(II Timóteo 1:8-9, ARC)

EMBORA Deus mostre Sua glória e majestade no evangelho, a ingratidão dos homens é tamanha, que temos que ser exortados a não nos envergonharmos desse evangelho. E por quê? Porque Deus requer a adoração de todas as criaturas. Ainda assim, a maior parte [delas] se rebela contra Ele, e o despreza, e desafia a doutrina mediante a qual Ele se faz conhecido [para ser] adorado. Embora os homens sejam tão perversos a ponto de se voltarem contra seu Criador, lembremo-nos, não obstante, daquilo que se nos é ensinado nesta porção [da Escritura]: a não nos envergonharmos do evangelho, visto ser ele o testemunho de Deus.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Há Um Só Deus – João Calvino

Porquanto há um só Deus (1 Tm 2.5).


Crisóstomo e muitos outros forçam o seguinte significado: não há tantos deuses como os idólatras imaginam. Quanto a mim, porém, creio que a intenção de Paulo era diferente, a saber, que há aqui uma comparação implícita entre o único Deus e o único mundo com suas diversas nações, e desta comparação surge uma perspectiva de ambos em relação um ao outro. E assim ele diz em Romanos 3.29: "E porventura Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios." Portanto, qualquer que fosse a diversidade entre os homens, naquele tempo, pelo fato de muitas classes e nações serem estranhas à fé, Paulo lembra aos crentes a existência da unicidade de Deus, para que soubessem que existe um vínculo entre eles e todos os homens, visto que há um só Deus sobre todos, para que soubessem que aqueles que se encontram sob o governo do mesmo Deus não são excluídos para sempre da esperança de salvação.

Levando o Seu Vitupério (Sermão) - João Calvino


“Saiamos, pois, a ele [Jesus] fora do arraial, levando o seu vitupério." (Hb 13-13) 

TODAS as exortações que nos são dadas para padecermos pacientemente pelo nome de Jesus Cristo e em defesa do Evangelho não terão efeito, se não nos sentirmos seguros da causa pela qual lutamos.Quando somos chamados a nos desfazer da vida, é absolutamente necessário saber em que base. Não podemos possuir a firmeza necessária, a menos que esteja fundamentada na certeza da fé. É verdade que há pessoas que se expõem tolamente à morte, na defesa de algumas opiniões absurdas e devaneios concebidos pelo próprio cérebro, mas tal impetuosidade deve ser considerada mais como frenesi do que zelo cristão; e, de fato, não há firmeza nem bom senso naqueles que, em certo tipo de casualidade, se empolgam dessa maneira. Mas embora isso ocorra, é somente numa boa causa que Deus nos reconhece como seus mártires. A morte é comum a todos, e os filhos de Deus são condenados à ignomínia c torturas exatamente como os criminosos o são; mas Deus faz a distinção entre eles, já que Ele não pode negar sua verdade. De nossa parte, exige-se que tenhamos provas firmes e infalíveis da doutrina que defendemos; e, por conseguinte, como eu disse, não podemos ser racionalmente impressionados pela exortação que recebemos para sofrer perseguição pelo Evangelho, se nenhuma certeza verdadeira de fé foi impressa em nosso coração.

domingo, 14 de abril de 2013

Ele nos Escolheu em Cristo

“Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor” (Efésios 1:4).

Deus nos escolhe! Qual o critério? Haveria em nós alguma coisa que chamasse a atenção de Deus, uma qualidade a mais, uma dedicação a mais? Na verdade, nada. Ele nos escolhe em Cristo; esse mesmo Cristo que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Aí, pois, se acha o critério: a graça de Deus que se concretiza em Cristo. E graça, para deixar bem claro, é o amor que o pecador recebe, mesmo sem merecer.
Entendido isso, vamos considerar que a eleição da graça, a predestinação e termos semelhantes que os teólogos criaram ao longo dos séculos não são conceitos para nos tirar a tranqüilidade (será que sou um eleito?; ou: como vou saber se sou um eleito?) nem para nos dar uma certeza vazia (já que sou eleito posso muito bem fazer o que bem entender, ou seja, toda espécie de mal). A eleição é fundamentalmente um consolo. Como os cristãos — desde aqueles da antiga Éfeso até os de hoje — vivem na angústia de uma profunda contradição entre o seu ideal de serem perfeitos e a realidade nem sempre tão perfeita — podendo sentir-se um tanto perdidos e duvidar mesmo da presença de Deus em suas vidas — precisam duma palavra segura a mostrar-lhes que sua comunhão com Deus os tornam livres desse vaivém cotidiano. Por cima dessas ondas de insegurança encontra-se um Deus estável, estável em tudo, mas estável sobretudo na sua graça, da qual Jesus Cristo e Sua cruz é a realização.
Desta forma, certificados e consolados, somos igualmente habilitados e convocados a ser santos e irrepreensíveis no amor. O desafio supera nossas forças, mas lembremo-nos: o mesmo Deus que nos escolheu pela graça, pela graça nos ampara nessa caminhada.
Senhor Deus e Pai, antes que houvesse mundo, Tu já nos escolheras e nos escolheras em Crito, que haveria de morrer na cruz. Só podemos louvar-te sem parar. Ajuda que o nosso louvor rime com amor não só no som, mas principalmente no fazer. Amém.

Autor: Martinho Lutero Hoffmann
Fonte: Meditações para o Dia-a-Dia, Editora Vozes.
Acervo do site Monergismo.com

sábado, 13 de abril de 2013

SE DEUS NOS AMA, POR QUE SOFREMOS?

O problema do sofrimento não é uma questão apenas filosófica, mas, sobretudo teológica. Temos dificuldade de conciliar o amor de Deus com o sofrimento humano. Os judeus questionaram o amor de Jesus por Lázaro, por este ter passado pela morte sem a intervenção de Jesus. Ao longo dos séculos reverbera sempre a inquietante pergunta: Por que sofremos? Por que a nossa dor não cessa?
Chamo sua atenção para alguns pontos importantes no trato dessa matéria:

1. O sofrimento não é fruto do desamor de Deus, mas do pecado humano – O sofrimento é filho do pecado. Não tivesse existido a queda não haveria sofrimento. Somos concebidos em pecado e nascemos com uma natureza corrompida num mundo que está gemendo açoitado por muitas agruras. O sofrimento é a conseqüência inevitável do pecado. O pecado é como uma fonte poluída de onde flui copiosamente o sofrimento. O pecado é o solo onde crescem os espinheiros do sofrimento. O pecado é como um anzol que por trás da isca do prazer esconde a carranca do sofrimento e da morte.

quinta-feira, 28 de março de 2013

John Piper – Quinta-feira do Mandamento (Amor ao Extremo 6/9)




Quinta-feira

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;  assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.”  (João 13:34)

Hoje é Quinta-feira Santa. Em inglês, Maundy Thursday. O termo maundy vem do latim mandatum, a primeira palavra na tradução latina de João 13:34: “Novo mandamento (mandatum novum) vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” Este mandamento foi dado por Jesus na quinta-feira antes de sua crucificação. Então a Quinta-feira Santa é a “Quinta-feira do Mandamento”.
Este é o mandamento: “ameis uns aos outros; assim como eu vos amei.” Mas e quanto a Gálatas 5:14? “Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo.’” Se toda a lei é cumprida em “amarás o teu próximo como a ti mesmo,” o que mais pode “ameis uns aos outros como Cristo vos amou” adicionar ao cumprimento de toda a lei?
Eu diria que Jesus não substituiu ou mudou o mandamento “amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Ele o preencheu e deu a ele uma clara ilustração. Ele está dizendo:
Eis aqui o que eu quis dizer com “como a ti mesmo.” Observe-me. Ou seja, assim como você gostaria que alguém lhe libertasse da morte certa, você também deve libertá-los da morte certa. É assim que estou amando vocês. Meu sofrimento e minha morte são o que quero dizer com “como a ti mesmo.” Você quer vida. Viva para dar vida aos outros. A qualquer custo.
Então João diz: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 João 3:16). Jesus estava nos amando “como ele amava a si mesmo”? Ouça Efésios 5:29-30: “Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo.”
Nos horrores de seu sofrimento, Cristo foi sustentado “pela alegria que lhe estava proposta” (Hebreus 12:2). E tal alegria era a infinita alegria de seu povo redimido, satisfeito na presença do rei ressurreto.
Portanto, vejamos o maior amor em ação na Quinta-feira Santa, e amanhã na Sexta-feira Santa. “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (João 13:1). Ele nos amou ao extremo. E sejamos tão movidos por este amor que ele se torne também nosso próprio amor. “Ele deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.” Este é o mandamento. Esta é a quinta-feira.


Leia mais: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/03/john-piper-quinta-feira-do-mandamento-amor-ao-extremo-59/#ixzz2OroYbMTU

VERDADES E MITOS SOBRE A PÁSCOA



Por Augustus Nicodemus Lopes

Nesta época do ano celebra-se a Páscoa em toda a cristandade, ocasião que só perde em popularidade para o Natal. Apesar disto, há muitas concepções errôneas e equivocadas sobre a data.
A Páscoa é uma festa judaica. Seu nome, “páscoa”, vem da palavra hebraica pessach que significa “passar por cima”, uma referência ao episódio da Décima Praga narrado no Antigo Testamento quando o anjo da morte “passou por cima” das casas dos judeus no Egito e não entrou em nenhuma delas para matar os primogênitos. A razão foi que os israelitas haviam sacrificado um cordeiro, por ordem de Moisés, e espargido o sangue dele nos umbrais e soleiras das portas. Ao ver o sangue, o anjo da morte “passou” aquela casa. Naquela mesma noite os judeus saíram livres do Egito, após mais de 400 anos de escravidão. Moisés então instituiu a festa da “páscoa” como memorial do evento. Nesta festa, que tornou-se a mais importante festa anual dos judeus, sacrificava-se um cordeiro que era comido com ervas amargas e pães sem fermento.
Jesus Cristo foi traído, preso e morto durante a celebração de uma delas em Jerusalém. Sua ressurreição ocorreu no domingo de manhã cedo, após o sábado pascoal. Como sua morte quase que certamente aconteceu na sexta-feira (há quem defenda a quarta-feira), a “sexta da paixão” entrou no calendário litúrgico cristão durante a idade média como dia santo.
Na quinta-feira à noite, antes de ser traído, enquanto Jesus, como todos os demais judeus, comia o cordeiro pascoal com seus discípulos em Jerusalém, determinou que os discípulos passassem a comer, não mais a páscoa, mas a comer pão e tomar vinho em memória dele. Estes elementos simbolizavam seu corpo e seu sangue que seriam dados pelos pecados de muitos – uma referência antecipada à sua morte na cruz.
Portanto, cristãos não celebram a páscoa, que é uma festa judaica. Para nós, era simbólica do sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, cujo sangue impede que o anjo da morte nos destrua eternamente. Os cristãos comem pão e bebem vinho em memória de Cristo, e isto não somente nesta época do ano, mas durante o ano todo.
A Páscoa, também, não é dia santo para nós. Para os cristãos há apenas um dia que poderia ser chamado de santo – o domingo, pois foi num domingo que Jesus ressuscitou de entre os mortos. O foco dos eventos acontecidos com Jesus durante a semana da Páscoa em Jerusalém é sua ressurreição no domingo de manhã. Se ele não tivesse ressuscitado sua morte teria sido em vão. Seu resgate de entre os mortos comprova que Ele era o Filho de Deus e que sua morte tem poder para perdoar os pecados dos que nele creem.
Por fim, coelhos, ovos e outros apetrechos populares foram acrescentados ao evento da Páscoa pela crendice e superstição populares. Nada têm a ver com o significado da Páscoa judaica e nem da ceia do Senhor celebrada pelos cristãos.
Em termos práticos, os cristãos podem tomar as seguintes atitudes para com as celebrações da Páscoa tão populares em nosso país: (1) rejeitá-las completamente, por causa dos erros, equívocos, superstições e mercantilismo que contaminaram a ocasião; (2) aceitá-las normalmente como parte da cultura brasileira; (3) usar a ocasião para redimir o verdadeiro sentido da Páscoa.
Eu opto por esta última.
***
Augustus Nicodemus Lopes é Pastor presbiteriano (IPB), mestre e doutor em Interpretação Bíblica (África do Sul, Estados Unidos e Holanda), professor de exegese, Bíblia, pregação expositiva no Centro Presbiteriano de Pós Graduação Andrew Jumper, da IPB, autor de vários livros.

terça-feira, 26 de março de 2013

Deus não desiste de amar você | Hernandes Dias Lopes



Deus não abre mão da sua vida. Deus não desiste do direito que tem de ter você. Ele não abdica do seu amor por você. Ele sempre vai ao seu encontro, no seu encalço.

Pedro, melhor do que ninguém nos revela esta verdade. Quem era Pedro?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Aviva-nos Ó Senhor!! - (Sermão 2598) - C.H.Spurgeon


Extratos de "Spiritual Revival the Want ofthe Church" [A igreja necessita de avivamento espiritual]
1.   Obra totalmente de Deus

Texto das Escrituras: "Aviva a tua obra, ó SENHOR" (Habacuque 3.2, ARA).

Toda verdadeira religião é obra de Deus. Deus é, de fato, o autor da salvação no mundo, e a religião é obra da graça. Se houver alguma coisa boa e extraordinária na Igreja, isso também é obra de Deus, do início ao fim.

E Deus quem aviva a alma que estava morta e quem preserva a vida dessa alma. Deus nutre e aperfeiçoa essa vida na Igreja. Não atribuímos nada a nós mesmos, mas tudo a Deus. Não ousemos sequer um instante pensar que nossa conversão ou nossa santificação é efetuada por esforço nosso ou de outros. De fato, há meios pelos quais somos convertidos e santificados, mas todos são obras de Deus.

2.    Avivamento da devoção

Portanto, confiando no Espírito de Deus que me ajuda, vou procurar aplicar esse princípio primeiramente a nossa alma de modo pessoal, depois à igreja em geral.

Então, vejamos primeiro quanto a nós mesmos. Muitas vezes fustigamos a Igreja quando o açoite deveria flagelar nossos ombros. Devemos sempre lembrar que fazemos parte da Igreja e que nossa falta de avivamento está de alguma maneira relacionada à falta de avivamento da Igreja em geral. Faço a seguinte acusação contra nós: nós, cristãos, precisamos em nossa vida de um avivamento de devoção. Tenho razões abundantes para provar isso.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Só Conhecimento não basta - Jonathan Edwards




Não importa quanto as pessoas possam saber sobre Deus e a Bíblia, isto não é um sinal certo de salvação. O diabo antes de sua queda, era uma das mais brilhantes estrelas da manhã, uma labareda de fogo, um que excedia em força e sabedoria. (Isaías 14:12, Ezequiel 28:12-19).

Aparentemente, como um dos principais anjos, Satanás conhecia muito sobre Deus. Agora que ele está caído, seu pecado não tem destruído suas memórias de antes. O pecado destrói a natureza espiritual, mas não as habilidades naturais, tais como a memória. Que os anjos caídos têm muitas habilidades naturais pode ser visto em muitos versos da Bíblia, por exemplo, Efésios 6:12. "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais". No mesmo modo, a Bíblia diz que Satanás é "mais astuto" do que os outros seres criados. (Gênesis 3:1, também 2 Coríntios 11:3, Atos 13:10) Portanto, podemos ver que o Diabo sempre teve grandes habilidades mentais e que é capaz de conhecer muito sobre Deus, sobre o mundo visível e invisível, e sobre muitas outras coisas.

Visto que sua ocupação no princípio era ser um anjo principal diante de Deus, é somente natural que compreender estas coisas sempre tenha sido de primeira importância para ele, e que todas suas atividades tenham a ver com estas áreas de pensamentos, sentimentos e conhecimento. Porque era sua ocupação original ser um dos anjos diante da própria face de Deus e porque o pecado não destrói a memória, é claro que Satanás conhece muito mais sobre Deus do que qualquer outro ser criado. Depois da queda, podemos ver de suas atividades como a tentação, etc., (Mateus 4:3) que ele tem gastado seu tempo para aumentar seu conhecimento e suas aplicações práticas. Que o seu conhecimento é grande pode ser visto em quão enganador ele é quando tenta as pessoas. A astúcia de suas mentiras mostra quão sagaz ele é. Certamente não poderia manejar tão bem suas ludibriações sem um conhecimento real e verdadeiro dos fatos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A plenitude da bondade e da graça de Deus – Jonathan Edwards (1703-1758)





O termo glória, aplicado a Deus ou a Cristo, tem, por vezes, o significado claro de comunicação da plenitude de Deus e apresenta um sentido praticamente equivalente ao da bondade e da graça abundantes de Deus. É o caso em Efésios 3.16: "para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior". A oração "segundo a riqueza da sua glória" é, sem dúvida alguma, equivalente àquela que aparece nessa mesma epístola, no capítulo 1.7: ("segundo a riqueza da sua graça") e no capítulo 2.7: ("a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus"). O termo glória é usado do mesmo modo em Filipenses 4.19: "E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades". Romanos 9.23: "A fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão". Nesse versículo e nos anteriores, o apóstolo fala de como Deus revelou duas coisas: sua grande ira e sua abundante graça. A primeira, nos vasos de ira (versículo 22) e a segunda, que ele chama de riquezas da sua glória, nos vasos de misericórdia (versículo 23). Assim, quando Moisés diz: "Rogo-te que me mostres a tua glória", ao conceder o que ele pede, Deus responde, "Farei passar toda a minha bondade diante de ti" (Êx33.18,19).

Convém observar, em particular, o que encontramos em João 12.23-32. As palavras e o comportamento de Cristo, dos quais temos um relato nessa passagem, argumentam a favor de duas coisas.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Crentes servindo a si mesmos - C. H. Spurgeon


A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão. (Provérbios 16.33)

Se a disposição da sorte pertence ao Senhor, a quem pertence o arranjo de nossa vida? Se o simples lançar da sorte é guiado por Ele, quanto mais os acontecimentos de toda a nossa vida — especialmente quando somos ensinados pelo bendito Senhor: "Até os cabelos todos da cabeça estão contados" (Mateus 10.30).

Nenhum pardal cai em terra sem o consentimento do Pai (ver Mateus 10.29). Se você sempre lembrasse isso, querido leitor, teria uma santa calma em sua mente. Isso libertaria a sua mente da ansiedade, de tal modo que você seria mais capaz de andar em paciência, quietude e alegria, como o crente deve andar. Quando um crente está em ansiedade, ele não pode orar com fé. Quando ele está inquieto pelas coisas do mundo, não pode servir ao seu Senhor. Os pensamentos desse crente giram em torno de servir a si mesmo.

"Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6.33). Você está se intrometendo nos negócios de Cristo e negligenciando os seus próprios, quando se inquieta a respeito de suas circunstâncias. Você está tentando prover suas próprias necessidades, esquecendo que seu dever é obedecer. Seja sábio; seja atento em obedecer. Deixe que Cristo administre a provisão. Venha e examine o estoque de seu Pai; pergunte se Ele o deixará morrer de fome, quando estocou tão grande abundância em seu celeiro. 

Olhe o coração misericordiso dEle. Veja se ele pode, alguma vez, se mostrar grosseiro! Olhe a sua inescrutável sabedoria. Veja se ela, alguma vez, estará em erro. Acima de tudo, olhe para Jesus Cristo, seu intercessor, e pergunte a si mesmo, enquanto Ele clama, se pode o seu Pai lidar brutalmente com você? Se o Senhor se lembra até dos pardais, Ele esquecerá o menor de seus filhos? "Confia os teus cuidados ao SENHOR, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado" (Salmos 55.22).